Depois de nos situarmos em nosso novo espaço, que por sinal era muito agradável, nos dirigimos a UFRN, para o credenciamento no congresso. É imensa a estrutura da faculdade e os recursos que oferece então, nem se fala, dentre eles, uma biblioteca enorme de dar água na boca, área de lazer, alimentação, artesanato, agências bancárias, feiras de livro.
De tão movimentada, a faculdade mais parecia uma cidade. Gente chegando, gente saindo, gente de todo tipo, de todos os lugares, brasileiros e estrangeiros, profissionais e estudantes de comunicação, ali concentrados pelo mesmo propósito. Evento grandioso, a edição 2008 do Intercom – Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação teve como tema central Mídia, Ecologia e Sociedade.
Em meio a tantas palestras, cursos, oficinas, mesas de debate e uma infinidade de opções, nunca foi tão prazeroso adquirir conhecimento. Cabe aqui relatar o que mais me marcou no congresso. Em uma das palestras sobre temas livres do meio comunicacional, me atentei para concepções que ocorrem no nosso dia-a-dia.
A mídia passa o tempo todo reconstruindo o passado por meio de documentos históricos e imagens simbólicas, e dessa forma propõe à massa entender o passado contextualizando-o no presente. O que não deixou de haver também foi a oportunidade e contato com opinião de gente muito crítica, como o escritor e jornalista Juremir Machado, autor do livro A miséria do jornalismo brasileiro, que caracterizou o jornalismo cultural brasileiro como medíocre, mal feito, formado por um bolo de compadres e que não desperta curiosidade.
Juremir elucidou que o jornalismo brasileiro é marcado pelo regionalismo e que a ausência de subjetividade faz do jornalismo mecânico e burocrático. De um modo geral o autor definiu o texto jonalístico hoje como uma dramatização da história em que a mídia constrói um herói. Essa foi uma das palestras mais interessantes.
No que tange as questões tecnológicas foi bastante debatido a respeito de como o MP3 mudou a forma de consumir a música, diminuir barreiras culturais como oferecer a possibilidade de trazer músicas de outros países que não estão à venda no Brasil e o consumo unitário da música. A partir disso foi questionado se o MP3 pode substituir o CD. Também muitas curiosidades como a TV de hiperdefinição que é 33 vezes maior e melhor que está sendo desenvolvida no Japão e o MP9 já à venda.
A cada evento que participava ficava mais elétrica, uma crise de compulsão da escrita que não permitia que eu parasse de escrever, embebida em tanto conhecimento em um curto espaço de tempo. As horas demoravam a passar e mesmo assim não havia tempo suficiente para tomar um fôlego, era emoção demais. Aja coração!
Mas foi o Núcleo de Pesquisa de Fotojornalismo, uma das quais não irei esquecer. A princípio, foi apresentado um resumo da história do fotojornalismo e concepções interessantes. Exemplos foram utilizados para ilustrar essa trajetória e a evolução do fotojornalismo no Brasil, de quando o instantâneo ainda não era possível e sim planejado.
O fotodocumentarismo ou fotojornalismo utilizado por muitos autores famosos como Paulo César Boni e Lewis Hine que tratavam os problemas sociais como forma de causar impacto na sociedade, repercutiu em grandes transformações e conquistas. Fiquei inteirada do último trabalho do renomado fotógrafo Sebastião Salgado e fiz certa alusão ao tema do Intercom. Entitulado de Gênesis, o documentário propõe uma reflexão social quanto a preocupante situação atual do meio ambiente, “ou você salva o que está sendo fotografado ou a raça humana poderá ser a próxima extinta”.
Fiquei arrepiada e me senti provocada! Foi possível fazer muitas amizades, trocar idéias, e-mails. Diante do nível dos trabalhos apresentados no Intercom Júnior, categoria para estudantes em fase de conclusão de curso, instigou nosso ego para a apresentação de um trabalho no próximo Intercom, algo do que já produzimos até agora.
Durante o dia no congresso e à noite balada. Foram assim os seis dias na capital potiguá. Descobertas, experiências agradáveis, conhecimentos, coincidências, amizades, fotos, praias, mancadas, festas, situações imprevisíveis, insônia e muita energia. Episódio que com certeza não sairá assim da memória por tão cedo. Ao final dessa aventura, é doloroso despedir e como diz a canção, Natal, I have to go now.